Estava na casa com que sempre tinha sonhado,
Sentada no varandim de madeira que sempre tinha imaginado.
Uma alameda de árvores guiava-nos até ao rio,
O rio dos nossos encantos.
Ao fundo do varandim podia ver-se,
Um cavalete com uma tela em branco.
Olhei a tela, fitei-a durante uns largos segundos
E reparei que a minha vida podia ser pintada ali...
Segura desci a escadas,
Percorri a rua orlada de árvores
E fui despindo as margens serenas daquele rio.
A Lua cheia iluminava as águas
Tornando-as cor de prata,
E foi nesse momento que te vi,
Sentado no pequeno barco de madeira
Estendeste-me as mãos e eu corri para ti.
Navegamos aquele rio horas sem fim
Falamos dos sonhos, dos sorrisos e dos olhares
E amamo-nos ao som dos sons do silêncio
...
A gaivota de sempre acordara-me
Com o seu bico na janela.
Quando a fui saudar
Olhei a tela que tinha perdido a brancura
E era agora um universo de cores
Cuidadosamente enrolei-a
Guardei-a num cofre de seda
E para sempre ela será
Testemunha do tempo!
...
[Tens que recordar que
Um beijo ainda é um beijo
Um suspiro é só um suspiro
As coisas importantes aplicam-se
À medida que o tempo passa]